quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O espelho trincado - Antonio Alves



II


Metrô das Seis.

Signatário de mim.
sigo por entre a estrada de vida aberta,
fechado com minhas inquietações.

Rês que sou, observo a boiada humana rumo ao metrô das seis.
Mesmo que eu gritasse, esperneasse, xingasse
e ultrapassasse a faixa amarela,
continuaria a reforçar a ordem vigente.
O que existe é um sentimento consanguíneo de rasgar quem está na sua frente,

para pegar o melhor lugar na janela da vida.

Não me falem em religião,
ciência ou ideais políticos.
Para mim, anarquia deveria ser religiosa.

Feito um sal de frutas fervendo na água,
sigo por entre a urbana boiada
ruminando desejos e poemas.
Sacolejando, desmanchando, em bolhas sumindo,
sumindo... sumindo...
Shiiiiiiii...


(do livro "Cine Poesia Primeira Sessão apresenta Olho Vivo", Mundo das Ideias)





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