sábado, 9 de novembro de 2013

Mário Fonseca



Viagem na noite longa


Na noite longa
minha alma
chora sua fome de séculos

Meus olhos crescem
e choram famintos de eternidade
até serem duas estrelas
brilhantes
no céu imenso

E o infinito se detém em mim

Na noite longa
uma remotíssima nostalgia
afunda minha alma
e eu choro marítimas lágrimas
enquanto meu desejo heroico
de engolir os céus
se alarga e é já céu

Tenho então
a sensação esparsamente longa
de vogar no absoluto


(do livro “Poesia africana de língua portuguesa”, seleção: Livia Apa, Arlindo Barbeitos, Maria Alexandre Dáskalos, Lacerda Editores)



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