segunda-feira, 24 de março de 2014

Ana María Moix



Fechei a porta. Desci as escadas. Deparei-me com vigia e se partiu o silêncio. Supliquei a ele que não dissesse, mas disse: Hoje não virão, senhorita; não os atrai. Ainda não havia retornado, na esquina o ouvi falar ao guarda da taberna: essa moça está louca. Todo dia, às doze, desce para abrir a porta aos mortos. Tive que deter o tio Jacobo que queria desafiá-lo a um duelo. Tio Jacobo morreu antes dos 36 e não estava acostumado com a má educação dos vigias ao tratar as senhoritas.


Cerré La puerta. Bajé las escaleras. Tropecé com el sereno y se ronpió el silencio. Le suplique com um gesto que no lo dijera y lo dijo: Hoy no vienen, señorita; no les toca. Y aún no había vuelto yo La esquina oi cómo Le iba com el cuento al guarda de la taberna: Está loca esa chica. Cada día, a las doce, baja para abrir la puerta a los muertos. Tuve que retener a tío Jacobo que queria retarle a um duelo. Tío Jacobo murío antes del los 36 y no estaba acostumbrado a la mala educación de los serenos para com las señoritas.


(tradução: Gustavo Petter - http://agradaveldegradado.blogspot.com.br/)

Ana María Moix, nasceu em Barcelona 1947, irmã do também escritor Terence Moix (1942-2003). Foi a única poeta incluída na lendária antologia Nueve novísimos poetas españoles (1970) em companhia de Leopoldo María Panero, Manuel Vázquez Montalbán, Pere Gimferrer. Publicou as obras de poesia: Baladas Del Dulce Jim, Call me Stone e No time for Flowers; e obras em prosa, por exemplo Walter, ?por qué te fuiste? Retratando a homossexualidade e os conflitos em uma Barcelona onde impera a atmosfera do pecado e da culpa. Poeta, editora, tradutora, jamais alheia às causas políticas de seu país, desde a época do antifranquismo. Morava com sua companheira e os filhos dela. Morreu de câncer.



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