quinta-feira, 26 de junho de 2014

sol a pino - Nina Rizzi


Bandeirana, pensando em ratzel

entrei no salão

corte-me as unhas
há um rasgo profundo em seu meio

a mulher sorriu-me
o riso louco e vingativo

tinha eu visto o homem
que chama seu
comia até virar porco
junto à grande porca branca
deusa, amante, real

pegou-me os pés
seguiu-se às mãos
e o riso foi-se
alargando num sem-fim
estatuária expressionista

alijou-me, sim, mas não da memória
sangue corrente em minha carne
cáucaso, initerrupta ave


(do livro “A duração do deserto”, Editora Patuá)



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