quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Artista de rua II - Chico Revolução



2. Águas


As águas tiram proveito da
razão
As águas sufocam o riacho
e faz chover
Águas puras límpidas
Riacho de pudor no coração
É sangue bom
Sangue de tirania
Hidrata o seco e molha o
enxuto
Rugas da velhice e da infância
Absorventes e solvidas
Num marasmo de sofreguidão
Águas maravilhosas geam
Meu coração em chama se
consome
Em razão doce de pupilar
Em sombra que se esconde
Nas águas mansas
De um soturno e virulento ser
Digo e falo sou amigo
E as águas compõem o riso
E em rio me detrato
Solavanco com força e caio
E na queda desmaio
Some a energia
Que transfere-me a um planalto
E as águas não param de rolar.


(do livro "Artista de rua II", edição do autor)



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